Filantropia

Terremoto no Haiti, Terremoto no Chile. Todo mundo dizendo que é o fim do mundo. Agora, quando acontece um tufão em Taubaté ninguém diz nada! Esses apocalípticos hipócritas!

Falando sério, foram duas tragédias terríveis (me refiro ao Haiti e ao Chile, porque em Taubaté a única coisa trágica que aconteceu foi eu ter enfiado meu tênis novo numa poça de lama). Ajudar é preciso. Mas eu sempre fui meio cético com mutirões de ajuda, vai que desviam alguma coisa e o carinha lá morrendo de frio morre de uma vez por todas. Se eu desconfio disso no Teleton e Criança Esperança, aqui no Brasil, imagine lá no Haiti! Do Brasil pro Haiti é muito chão, a viagem demora um pouco, você do lado dessa pilha de roupas e comida. Aí daquela coceirinha. É muita roupa, ninguém vai perceber se eu tira umas 15. Aí pronto, desfalcou nossa caridade.

Não estou querendo fazer vocês pararem de ajudar o Haiti, Chile ou Liechenstein (com um nome desses ela deve estar precisando de ajuda urgente)- é nosso dever como seres humanos ajudar o outro - , o que eu quero é mais fiscalização em coisas do tipo.

Eu comecei nessa paranóia quando ainda vivia no Rio e resolvi entrar na campanha do agasalho. Doeei um casaco que eu adorava, macio á beça, mas doêei. Fiquei mal pelo casaco, mas pelo menos alguém ia usar ele melhor que eu. Uma semana depois vejo o organizador da campanha andando na rua com o tal casaco. Eu sei que era o meu porque ele tinha uma inconfundível mancha na manga de água sanitária, fruto de um acidente entre o alvejante e a água sanitária na máquina de lavar. Desde então ando meio desconfiado com a filantropia em massa. No começo do ano, no entanto, tive que deixar a paranóia de lado e doar algumas coisas para o pessoal de São Luis do Paraitinga. Foi a primeira boa ação do ano, embora eu até hoje ache que podia ter feito mais.